2 de agosto de 2008

space dementia geral


E o Muse veio, tocou uma hora e meia bem na nossa cara, e foi-se embora.

Há muito uma banda acostumada a lidar com públicos gigantes na Europa, onde lota estádios e arenas de grande porte, o Muse enfrentou uma platéia bem menor numa casa de médio pra pequeno porte em São Paulo, o HSBC Brasil. Foi exatamente isso que, talvez, tenha transformado uma apresentação de rotina numa noite inesquecível.

Houve apenas duas surpresas num setlist já esperado, uma versão um pouco menor do lançamento que eles vieram promover, o HAARP, gravação de um show no novíssimo e sofisticado estádio Wembley. Diferente daquele show em Londres, a produção foi enxutíssima. Só havia um telão atrás do palco, que exibia ótimas viagens psicodélicas fielmente sintonizadas com cada música. E uma ou outra explosão de gelo seco (foi o que me pareceu... aliás, isso existe?). Fora isso, não aconteceu nada que desviasse a atenção do público da música e da banda.

A noite começou com Jay Vaquer. Não sei se é assim que se escreve o nome do cara (pouco importa), um sujeito meio mala que dá nome e até consegue estragar uma banda que é boa, principalmente pelo batera. A abertura correu normalmente, sem aquele tipo de manifestação de repulsa por parte do público, o usual num show de metal - mas afinal aquilo não era um show de metal e o público era outro, talvez um pouco menos religioso. A maioria do público, aliás, parecia ter saído de uma boutique que vendia um "uniforme básico de fã do Muse", sem mencionar os cabelinhos meticulosamente bagunçados.

Enfim, estávamos lá pra ver o Muse e não seus fãs padronizados. (Um ou outro trintão, quarentão ou cinquentão ali nas cadeiras conosco aliviava um pouco a nossa sensação de peixes fora d´água.) Às dez e meia (pouquíssimo atraso, portanto... ei, trata-se de uma banda inglesa, oras!) as luzes se apagaram e a intro instrumental do HAARP começou a soar. O trio então entrou no palco (na verdade, um quarteto, pois um cara fica encarregado de acompanhar a banda com a parte eletrônica do som) e os primeiros acordes de Knights of Cydonia aparecem, como todo mundo já sabia. O som estava ótimo e alto, tudo perfeitamente audível, e a banda estava tocando logo ali embaixo dos nossos narizes. A perfeição e previsibilidade com que tocaram as duas primeiras músicas dava a sensação de estarmos assistindo um DVD ali na nossa frente, algo que só foi quebrado com uma grande surpresa. Enquanto prevíamos a terceira música (se tudo saísse conforme o HAARP), Bliss começou a ser tocada. Sim, Bliss! Bliss! Desde que compramos o ingresso eu sabia que eles não tocariam Bliss, uma das favoritas. No caminho para o show, fiz questão de lamentar que não veríamos Bliss ao vivo, já que fazia tanto tempo que não a tocavam. Mas ali estava o Muse, e ali estava Bliss. Foi quando caiu a ficha de que tudo estava acontecendo naquele momento.

Das restantes 12 músicas do setlist, apenas uma parecia não estar no script, Citizen Erased, mais uma sensacional que, como Bliss, vem do Origin of Symmetry, álbum de 2001. Apenas uma, também, me soou dispensável: Invincible, do último álbum, a única em que um ponto negativo da banda, a canastrice, parece fora de controle. Ainda bem que Invincible foi logo engolida pela autenticidade da avalanche de New Born, Plug-in Baby e Time is Running Out, em sequência. Foram 15 minutos absolutamente memoráveis.

O que impressiona num show do Muse é que, apesar de todo o profissionalismo, a perfeição sonora, a execução meticulosa das músicas, a quase inexistente troca de palavras com o público e o setlist quase completamente previsível, a banda transpira paixão no que toca e consegue transmitir a empolgação para o público, que devolve na mesma moeda. A sensação de ouvir Matthew Bellamy e mais de três mil pessoas cantando em uníssono num lugar pequeno cada uma das 15 músicas foi arrepiante e quase surreal. No final, junto com sensação de que afinal havíamos visto Muse ao vivo, ficou apenas uma ponta de desgosto: esses ingleses baixinhos de meia tigela demoram 10 anos pra virem pro Brasil e tocam só uma hora e meia? Por quê não tocaram Space Dementia? Quem eles pensam que são?

3 comentários:

Vanessa disse...

Estava DEMAISSSSSSSS (com muitos e muitos S's)
Parecia até mentira...eles ali, tão perto!

muse + duas caipinhas + "nosso camarada" rapha = êxtase total

A única decepção foi constatar o quanto magricelas eram

Fabricio disse...

Bem q no "Invincible" vc cantou bem...e gostou...eles falaram "Obrigado São Paulo muito" muito bem e vc ainda pegou minha foto né???

e ainda a van vem falar q decepção deles serem magros
o cú dela q é decepção
pergunte se ela prefere o "pretinho" ou o Matt...ou então se ela prefere dar pro Schwazeneger...hahahahahha
tudo brincadeira...
em questão ao show, a música mais marcante ou "as" mais marcantes foram "New Born" e
"Time Is Running Out" e eles são demais
foi a roquidão mais feliz e gostosa da minha vida...como já disse a "era" Muse ta apenas começando aqui em casa, e esperando pra mais um show deles...

Vanessa disse...

Tabício, shiuuuuuuuuu!

O de preto, aliás ele tem nome, e é CHRISTOPHER WOLSTENHOLME(fiquei sabendo hj) era o único gatíssimo!

E respeito, hein!

De onde você vem?