Quando se lê Carl Sagan ou outros grandes divulgadores de ciência,
compreende-se que estamos perante aspectos cognitivos dos mais sofisticados que os seres humanos alguma vez produziram; no entanto, tais conhecimentos são-nos oferecidos com clareza e simplicidade e o leitor não se sente colocado numa situação de inferioridade cognitiva. Em contraste com isto, basta folhear um suplemento cultural de um jornal para se encontrar um uso peculiar das palavras, em que estas perderam o poder de invocar pensamentos identificáveis, colocando-se ao invés toda a ênfase na transmissão da mensagem infantil de que o autor é culto — e com isso tudo o que se pretende realmente dizer é que é superior a nós, mais elevado, mais próximo dos deuses do Olimpo: um aristocrata. A filosofia, a história ou a teoria da literatura não são vistas como áreas acessíveis a todos, como a biologia, mas antes como disciplinas de cultura geral cuja vagueza de contornos é cuidadosamente acoplada à lama gramatical para assim poder servir de instrumento de opressão social e psicológica.
O rei das humanas está nu, gente. O problema é saber se algum dia ele já esteve vestido, ou se pelo menos usava cuecas até os anos 60.
Um comentário:
Ele não está totalmente nú, Dan. E não é cueca que ele usa, mas sim cachecol de lã.
Pra você ver. E isso é exatamente tudo o que vc sempre odiou. E justamente aquilo que conversamos na Anpuh: vários grupinhos - cult, diga-se de passagem; bem agasalhados e com cigarros longos na boca - todos bem moderninhos, gesticulando e vomitando jargões pra todo lado.
Mas por que você acha que "até os anos 60" ele talvez usasse cueca? Seria uma referência implícita aos pós-modernistas que vc tanto odeia?
Besos gostosos
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