Então eu fui trocar o som do churrasco e pensei em colocar alguma sonata de piano do Beethoven, ou a nona, ou a quinta sinfonia, não me lembro direito. Sei que a tentativa foi prontamente rechaçada com um “a gente já sabe que você é [quer se passar por] intelectual”, ou coisa do gênero. E passamos a ouvir adaptações de pop/rock para pagode.
“É música de churrasco”, me disseram. Assim como Chiclete com Banana, natural substituto do Radiohead que eu tinha conseguido infiltrar num momento de desatenção da maioria.
Nada contra. Cada um é cada um, não é esse o sábio dito popular?
Vocês, meus caros 17 milhões de leitores, poderão me censurar pelas escolhas excêntricas para trilha sonora de churrasco. Me chamem de chato, pedante. Foda-se. Eu não caio nessa história de adaptar a música para a ocasião, ou melhor, para servir de cenário. Música é pra ouvir. Não há nada mais deprimente do que música de churrasco, música de casamento, música de balada. É tudo música de elevador.
Não acho que pra ouvir Beethoven seja preciso vestir um smoking e botar um ar aristocrático na cara. Aliás, isso é o que não deveria acontecer. Sua música é prazer, embriaguez, loucura, pateticidade, felicidade, e é tenebroso que se vincule um inconformista como Beethoven ao pedantismo.
Quer saber? Todo mundo quer picanha na churrasqueira. Mas se você passou a vida inteira comendo acém, talvez rotule quem defenda a picanha como pedante. Azar o seu.
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