21 de julho de 2009

Homens na Lua, homens na Terra, por Michael Collins


Little by little, they grew closer, steady, as if on rails, and I thought 'What a beautiful sight,' one that had to be recorded. As I reached for my Hasselblad, suddenly the Earth popped up over the horizon, directly behind Eagle. I could not have staged it any better, but the alignment was not of my doing, just a happy coincidence. I suspect a lot of good photography is like that, some serendipitous happenstance beyond the control of the photographer. But at any rate, as I clicked away, I realized that for the first time, in one frame, appeared three billion earthlings, two explorers, and one moon. The photographer, of course, was discreetly out of view.


Mais, aqui.

10 de julho de 2009

Futuros do passado

Com vocês, o Autotutor:


No blog do Tiago Dória, um link fantástico: um arquivo dos futuros imaginados desde 1870. Eu estou começando a sentir a aquela euforia da ignorância, prestes a conhecer alguma coisa interessante (e imagine só as possibilidades de análise que coisas como esse Autotutor podem proporcionar).
Amanhã, ou depois de amanhã, sai a minha resenha de Futuros Imaginários. Lido em boa hora.

9 de julho de 2009

McNamara e a cegueira moral, por Noam Chomsky

Em 1995, Robert McNamara publicou pela primeira vez seu mea culpa pelo desastre da guerra do Vietnã. In Retrospect reconhece "erros terríveis" que deveriam ser explicados para as "futuras gerações", mas defende que esses erros não eram de ordem moral e intencional. Ele, McNamara, e todos os outros responsáveis pela guerra das administrações Kennedy/Johnson, teriam agido "sob a luz dos princípios e tradições desta nação". Naquele mesmo ano, Chomsky reagiu de maneira ácida:



Actually, he's correct about the values. If somebody tries to disobey us, our values are that they have to be crushed and massacred. Those are our values. They go back hundreds of years, and those are exactly the values they acted upon.

[...]

There's only one criticism that he sees, or that any of his critics see, or even his supporters, the whole range of discussion, including people who were very active in the peace movement, I should say. I've been shocked by this, the people who are active in the peace movement who are saying, "We're vindicated because he finally recognized that we were right. It was an unwinnable war."

What about the maybe, if you count them up, four million Indochinese that died, something on that order? What about them? Actually, he has a sentence or two about them, and even that sentence is interesting. He talks about the North Vietnamese who were killed. An interesting fact about the book -- and you can't blame him for this, because he's just adopting the conventions of the culture that he comes from, he's completely uncritical and couldn't think of questioning it -- throughout the book the "South Vietnamese" are the collaborators whom we installed and supported. He recognizes that the population was mostly on the other side, but they're not "South Vietnamese." The attack on them doesn't appear.

[...]

On the bombing of the North, there was meticulous detailed planning. How far should we go? At what rate? What targets? The bombing of the South, at three times the rate and with far more vicious consequences, was unplanned. There's no discussion about it. Why? Very simple. The bombing of the North might cause us problems. When we started bombing the North, we were bombing, for example, Chinese railroads, which happened to go right through North Vietnam. We were going to hit Russian ships, as they did. And there could be a reaction somewhere in the world that might harm us. So therefore that you have to plan for. But massacring people in South Vietnam, nothing. B-52 bombing of the Mekong Delta, one of the most densely populated areas in the world, destroying hospitals and dams, nobody's going to bother us about that. So that doesn't require any planning or evaluation.

Not only is it interesting that this happened, but also interesting is the fact that no one noticed it. I wrote about it, but I have yet to find any commentator, scholar, or anyone else, who noticed this fact about the Pentagon Papers. And you see that in the contemporary discussion. We were "defending" South Vietnam, namely the country that we were destroying. The very fact that McNamara can say that and quote Bernard Fall, who was the most knowledgeable person, who was utterly infuriated and outraged over this assault against South Vietnam, even though he was a hawk, who thought Saigon ought to rule the whole country -- you can quote him and not see that that's what he's saying -- that reveals a degree of moral blindness, not just in McNamara, but in the whole culture, that surpasses comment.

Mais da interessantíssima entrevista com Chomsky sobre a guerra do Vietnã, aqui.

A "nossa" galáxia

Um comentário: chamamos "isso" de "nosso". Nosso por quê? "Nós" é que somos "disso", e não o contrário.

William Castleman, o autor da sequência, explica:

The time-lapse sequence was taken with the simplest equipment that I brought to the star party. I put the Canon EOS-5D (AA screen modified to record hydrogen alpha at 656 nm) with an EF 15mm f/2.8 lens on a weighted tripod. Exposures were 20 seconds at f/2.8 ISO 1600 followed by 40 second interval. Exposures were controlled by an interval timer shutter release (Canon TC80N3). Power was provided by a Hutech EOS203 12v power adapter run off a 12v deep cycle battery. Large jpg files shot in custom white balance were batch processed in Photoshop (levels, curves, contrast, Noise Ninja noise reduction, resize) and assembled in Quicktime Pro. Editing/assembly was with Sony Vegas Movie Studio 9.

Via Blog do Tas

8 de julho de 2009

Apocalypse please

Você, que não tem dinheiro pra pagar Sportv, também achou que finalmente iria assistir um jogo da Libertadores? Achou, como eu, que iria assistir à FINAL da Libertadores? Pensou que a infâmia de Bragantino x Corinthians sendo transmitido em detrimento da FINAL da Libertadores, no ano passado, havia sido reconhecida e superada?

Pois é. Fiquemos com Fluminense x Corinthians.

Nessas horas eu me pergunto por quê a Skynet ainda não acordou e mandou uma bomba H nos seguintes endereços:

Rua Von Martius, 22 - Jardim Botânico
Rua Lopes Quintas, 303 - Jardim Botânico
Estrada dos Bandeirantes, 6900 - Curicica

E uma no Parque São Jorge também, por que não?

7 de julho de 2009

A Linha McNamara

O sonho da vigilância em tempo real

Enquanto minha resenha de Futuros Imaginários, de Richard Barbrook, ainda não é publicada junto com a próxima edição da ComCiência, deixo aqui um trecho interessante sobre a guerra do Vietnã no contexto das utopias tecnológicas da Guerra Fria, que são o tema principal do livro. É uma amostra da racionalidade industrial de Robert McNamara aplicada à guerra:

Em sua luta contra o comunismo vietnamita, o exército dos Estados Unidos se deparava com um problema inesperado: medir seu progresso no campo de batalha. [...] O grande problema era como estimar o resultado das ofensivas no interior. Incapaz de medir ganhos territoriais, o exército dos Estados Unidos decidiu então focar no número de combatentes inimigos mortos em cada operação: a 'contagem de corpos' (body count). Com esse dado, seus analistas poderiam programar computadores para calcular qual lado infligia o maior dano ao seu oponente: o 'índice de mortandade' (kill ratio). O exército dos Estados Unidos possuiam agora a medida matemática da vitória. [...]

Enquanto trabalhou para a Ford nos anos 1950, McNamara melhorou drasticamente a eficiência administrativa ao usar computadores para produzir estatísticas detalhadas sobre as diferentes atividades da empresa: 'análise de custo-benefício'. Em seu novo emprego como ministro da defesa, ele incitava o exército dos Estados Unidos a aplicar esse método de alta tecnologia para fabricar carros à tarefa de lutar em guerras. Felizes em colaborar, generais tornaram-se administradores da era do computador. No Vietnã, o exército dos Estados Unidos mataria comunistas de maneira tão eficiente quanto a Ford fabricava carros em casa.


Nada, no entanto, havia conseguido aplicar um golpe mortal contra os vietcongues. Barbrook continua (notem, de passagem, a fina ironia de "bala mágica"):


Em 1967, o governo Johnson acreditava que finalmente encontrara sua bala mágica. Uma equipe multidisciplinar de cientistas criou um plano para construir uma impenetrável barreira de alta tecnologia para separar as duas metades do Vietnã: a linha McNamara. Nessa versão militar do Panóptico informacional, milhões de sensores eletrônicos - intercalados com minas e armadilhas - seriam instalados ao longo das fronteiras do estado ao sul. Robôs móveis patrulhariam os céus. Computadores colheriam e classificariam os dados dos dispositivos de vigilância da barreira. [...]

Dentro de poucos minutos de detecção das forças inimigas por seus sensores ADSID, os Systems/360 da IBM calculariam sua localização e despachariam bombardeiros B-52 para destruí-los. [...]

Em 1972, mesmo após cinco anos de testes e refinamentos, a Linha McNamara falhou em detectar um grande número de barulhentos tanques vietnamitas e outros equipamentos pesados que moviam para baixo as rotas de abastecimento do norte para lançarem uma ofensiva no sul. [...] Muito antes desse fiasco constrangedor acontecer, os custos da ocupação tornaram-se insustentáveis para o império estadunidense.



Mais sobre a Linha McNamara, aqui, aqui e aqui.

6 de julho de 2009

Sympathy for the devil

Lição número 1 da vida de Robert McNamara: sinta empatia pelo inimigo. A crise dos mísseis na visão do "arquiteto da guerra do Vietnã", abaixo.






Robert Strange McNamara, o odiado secretário de defesa dos Estados Unidos durante os governos Kennedy e Johnson, morreu hoje, aos 93 anos.

Chamado por Chomsky de "narrow technocrat", McNamara tinha ideias que talvez estivessem no oposto do que considero certo e bom pro mundo. Um "inimigo". Mesmo assim, é impossível não simpatizar com aquele velho e também aprender com as lições de sua vida.

No documentário Fog of War (torrent aqui), de 2004, McNamara reconhece erros, faz autocrítica, deixa entrever a culpa: "estávamos agindo como criminosos de guerra", diz sobre os bombardeios incendiários ao Japão, que ajudou a planejar. Projetou a guerra com a mesma racionalidade meticulosa e aposta na tecnologia que aplicou na ressurreição da Ford. "Uma vida para o complexo industrial-militar americano", poderia ser o subtítulo para uma biografia. Trabalhou duro, com muita eficiência, pela hegemonia americana na disputa da Guerra Fria.

Fog of War é dirigido por Errol Morris (que também fez o clássico A Brief History of Time, sobre a vida e as ideias de Stephen Hawking). Quando lançado, serviu de alerta para as decisões erradas da administração Bush sobre o Iraque. Significava um recado daquele experimentado senhor: "olhem aqui, criançada, isso não vai dar certo; eu já passei por isso, vocês vão fazer cagada; não se iludam com essa história de guerra tecnológica, racional, asséptica". A última lição de McNamara, que ele aprendeu às custas do próprio insucesso: a guerra não é inteiramente compreensível, racionalizável. Estamos sempre sob a 'névoa de guerra' que nos impede de enxergar adiante.

Talvez tenha sido um Adolf Eichmann com muito mais brilho e autoconsciência. "A lot of people think I´m a son of a bitch", reconheceu. Não se sabe como será lembrado. Merece respeito e empatia.

De onde você vem?