Entrei em licença-torcedor. Não vou ao campo ver a Ponte. Não assisto jogo de time nenhum na TV.
O futebol aqui no Brasil é uma merda.
Gum é um zagueiro da Ponte. Ainda é, daqui a pouco sai. É um zagueiro bem mediano. Mas “bem mediano” é, para os padrões da Ponte nos últimos cinco anos, um craque. Então, a merda é a seguinte: o Fluminense ficou encantado com o futebol deste Baresi dos trópicos e decidiu levá-lo daqui para a série A, com uma oferta de pagamento em 8 (oito) vezes. Vejam bem, caros 17 milhões de leitores, o Fluminense perguntou se a Ponte aceitava Mastercard, sem juros no cartão ou cheque pré-datado, e a Ponte negou, claro. Mas o Gum ficou tão animadinho com a história toda que forçou a saída. Disse que não tinha mais cabeça para pensar no jogo contra o Bahia. E não jogou mesmo. Voltou para casa antes de todo mundo.
Renato foi um dos melhores jogadores do time vice-campeão paulista em 2008. Jogou um futebolzinho insosso no segundo semestre e acabou sendo negociado com um time da Arábia Saudita. A Ponte cometeu a suprema cagada de aceitar pagamento em três vezes, sem juros. Tomou no nariz. Recebeu a primeira parcela, mas não viu a cor do resto do dinheiro. O contrato de venda previa que o jogador retornaria à Ponte caso o restante do pagamento não se concretizasse. O principal site da torcida até fez um wallpaper meloso, baba-ovo: “Renato, volta, a camisa 10 é sua”. Renato, então, voltou para o Brasil. Para o Grêmio. Andou treinando por lá enquanto um imbróglio jurídico se desenrolava. A justiça trabalhista determinou que Renato voltasse para a Ponte. A CBF obedeceu, a princípio, negando a inscrição do meia(boca) ao Grêmio. Agora, sabe-se lá cedendo a quais pressões políticas, a maldita CBF autorizou a entrada de Renato no time gaúcho. E a Ponte, agora, é quem pode se foder. A coisa é bem conhecida, mas continua absurda: time de futebol nenhum pode recorrer à justiça comum para resolver suas pendengas. Como assim, compadre? Quer dizer que as federações futebolísticas vivem num outro mundinho apartado da nossa realidade? Pelo amor de João Havelange!
Enquanto isso, qualquer bom jogador que aparece no time acaba indo ou pro Corinthians, ou pra algum time da aristocracia ludopédica brasileira. Que são apenas trampolins para a NBA Europa. Os torcedores de time grande sentam em cima da glória de um Campeonato Brasileiro, uma Copa do Brasil, até uma Libertadores, achando que estão curtindo algum tipo de coisa diferente do que quem torce para a Ponte, Guarani, Figueirense, Vila Nova, Remo, Tuna Luso, Íbis. Todo mundo é pária aqui, manés!
A Globo passa jogos do Corinthians em vez das finais da Libertadores, com volume de som editado para a torcida do Timão visitante parecer mais forte, mais louca, mais fiel que as outras. Às vezes, dá atenção a um outro grande, usando os mesmos artifícios para promover a identificação entre o telespectador e o seu time. Os jogadores ficam ouriçadinhas, louquinhas, maluquinhas só de ouvir as propostas do pimps europeus. O próprio Corinthians, que vinha tendo um time interessante de se assistir, um belo acompanhamento para cervejas e pipocas, foi desmontado. Virou uma chatice.
Pior: nem pra secar o Guarani dá mais. Tenho dó, vai perder o estádio, que já foi um belo estádio, patrimônio histórico, e a torcida míngua mais rápido do que a da Ponte. Me peguei pensando que seria muito bom que ambos os times subissem, que ambos estivessem bem. Foi aí que eu percebi que não tinha mais saco para futebol. Não pra esse futebolzinho sem-vergonha aí.
Desisto.
2 comentários:
agora fudeu!!!
não tenho mais com quem ir no campo
Viu, fodeu mesmo.Tadinho do menino, cacete.
E o 'dia internacional da pipoca', hein? E as desculpas esfarrapadas para as cervejadas? Pode parando...
Tabício, podexá, eu te acompanho ao Majestoso...mas só se você me pagar um kibe. Okei?
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