Mais conhecido como Magnetic Fields, Les Chants Magnétiques é o quinto álbum de Jean Michel Jarre, lançado em 1981. Dos que eu conhecia até agora, é o terceiro. Está aqui, na íntegra, a quem possa interessar.
(Se o Sr. Jarre ou algum procurador se sentir ofendido pela distribuição gratuita, favor contactar-me para apagar o link, o que farei com o maior prazer, não sem antes fazê-lo(s) ouvir algumas coisas sobre a falta de publicação dessas obras aqui no Brasil, tornando o preço de importação proibitivo. Eu tenho esse disco em vinil e, portanto, detenho legalmente o direito de ouvir essa bagaça há, deixa eu ver… 20 anos!)
Les Chants Magnétiques é um dos favoritos da infância, redescoberto há pouco tempo, embora tenha pequenas passagens que eu não entendia quando tinha 8 anos e que continuo não entendendo. O miolo da longa primeira faixa é um mero intervalo entre a introdução e a terceira parte, brilhantes. Para a terceira faixa, o francês figuraça deveria nos indicar o quê ele estava fumando quando a compôs. A última é uma rumba bonitinha, legal demais, mas é um final tão excêntrico e fora de órbita que me permanece um místério completo. Vamos ao que interessa.
A segunda faixa é uma obra-prima dos primórdios da música eletrônica como arte pop. Típico Jarre. Vendeu dezenas de milhões de discos pois, além de grande artista e compositor, sempre teve um afinadíssimo ouvido comercial. Hoje, não tocaria numa rádio nem a porrete, mas em 81 chegou a #6 nas paradas britânicas com a brincadeira.
A número quatro é uma mistura de melancolia e esperança que parece ser uma marca registrada de Jarre. Essas duas palavras, melancolia e esperança, mesmo que, juntas, pudessem dar forma a um terceiro sentimento, não seriam o suficiente para Les Chants Magnétiques IV. Leonard Bernstein tinha razão: a música pode nomear o inominável e comunicar o inconhecível.
A primeira parte da faixa de abertura tornou-se uma das mais conhecidas da carreira de Jarre, obrigatória em qualquer show. É ótima essa primeira parte, de fato, seguida de uma chapação pelas galáxias do espaço sideral que culmina na seção mais genial de todo o disco. Quando eu punha a bolacha no meu três-em-um Phillips e queria ouvir exatamente essa música, procurava pela parte menos escura, mais pro fim da faixa, e tacava lá a agulha. Com cuidado. Se bobeasse, dava aquele zzzzziiipp que doía na alma. Sorte que eu havia treinado bastante com Thriller, do Michael Jackson. Ele não sobreviveu. O disco, não o Michael. Quer dizer, bem, deixa pra lá. Tá aqui embaixo este que é o trecho mais brilhante de todos os campos magnéticos:
Uma coisa que eu nunca tinha me ligado: de um lado da capa do vinil está escrito “Les Chants Magnétiques”, do outro, “Magnetic Fields”. Sempre pensei que se tratava de mera tradução. Qualquer ignorante em francês, como eu, sabe que campos não é chants, mas champs (Champs Élysées!), mas passei batido nessa por 20 anos! O título em francês contém uma ambiguidade legal, pois chants e champs são palavras homófonas. Em inglês, ou em qualquer outra língua, perde-se a possibilidade de jogar com “campos magnéticos” e “canções magnéticas”.
Quem sabe eu me animo, mais tarde, a fazer um post sobre Rendez-Vous.
Atualização:
Achei esse vídeo raro dos concertos na China, também em 81, que deram origem a um álbum ao vivo, clássico, do Jarre. Não sei vocês, mas eu vejo em cada segundo aí a expectativa de um futuro, a esperança de profetizar um porvir mecânico, robótico e computadorizado. O futuro de 1981:
(batera moendo)
Um comentário:
Postar um comentário