O que é inconcebível é que uma diretoria de um clube que se vê no direito de voltar à elite do futebol brasileiro aja como sua torcida, de maneira imediatista. Demitiram o Nelsinho, mas pra contratar quem? Minhas fichas vão para a contratação de Marco Aurélio Podreira, ou Moreira, como preferir. A Ponte deseja subir, mas Marco Aurélio é técnico pra não cair. Com ele, até o Brasil de 70 jogaria com quatro volantes.
Torcida de futebol, nem precisaria dizer, é o ser mais imediatista que existe. Chegou a Itu em paz com o time, mas o clima festivo não durou até o intervalo. Passou boa parte do segundo tempo azucrinando a maioria dos jogadores (com razão) e o treinador (não sem alguns bons motivos). Quando a derrota aparecia clara no horizonte, iniciou-se uma briga no meio da própria autoproclamada "nação pontepretana". E quando a muvuca - que quase sobrou pra quem não tinha nada com a história - instalava-se incontrolável no setor de visitantes, eis que a sorte sorriu a Alex Terra, sempre ele. De pronto, irromperam os gritos de guerra e de amor ao time. Reclamavam do árbitro, novamente, que anulou erradamente um gol legítimo de Simplício. E tentavam de novo criar uma briga, agora todos unidos, todos irmãos, contra a minúscula e apavorada torcida do Ituano.
Mas o jogo acabou, mais um empate, e os protestos foram murchos, daqueles que se comenta com o ilustre desconhecido que sentou ao seu lado e, como você, como todos, esconjurou as substituições de Nelsinho. Era a hora de apontar um culpado.
Nelsinho é um ótimo técnico. Apareceu numa campanha inacreditável do Novorizontino, que foi vice-campeão paulista em 90. Logo depois, levou o Corinthians ao seu primeiro título nacional. Pela Ponte, montou o melhor time que pisou no Majestoso nos últimos 25 anos. A Ponte de 2000/2001 era uma verdadeira pedreira, acredite se quiser. Merecia melhor sorte nos mata-matas que disputou e não foi campeã, como sempre. Nesta nova passagem por aqui, Nelsinho montou um time coeso e razoavelmente competitivo. Tinha poucos bons jogadores na mão e, no decorrer do ano, viu os dois melhores irem embora para o Corinthians. Depois da saída de Héverton, em especial, o time desabou. Para substituí-lo, contrataram Chumbinho. Que se mostrou um verdadeiro chumbo grosso, pesado mesmo.
Realmente, a culpa é do Nelsinho.