Tal qual o mundinho fashion, a Fórmula 1 constitui uma realidade à parte. Motorhomes milionários erguem-se em cada GP para garantir a imagem asséptica de um ambiente que em nada se assemelha ao mundo real, de carne e osso. Garagens mais limpas que o meu quarto vivem povoadas de mecânicos mais bem vestidos do que a imensa maioria das pessoas deste país. Pilotos-robôs concedem entrevistas robotizadas para jornalistas robotizados.
Pois bem.
Recentemente, os acontecimentos extra-pista que vêm ganhando destaque na imprensa especializada trouxeram à tona algo que os aficcionados por este esporte já haviam quase esquecido: a F1 é feita por seres humanos. As implicações dessa bombástica e surpreendente revelação não são menos previsíveis: há muito sangue correndo nas veias dessa gente com cara de outdoor, e também há muito excremento por trás de seus óculos escuros. Como se estivessem acordando de um sono profundo, sites e blogs de automobilismo comemoram o óbvio: há vida pulsante na F1.
Tudo gira em torno do maior escândalo de espionagem da história da categoria. Quem não acompanhou o noticiário automobilístico pode se inteirar do assunto neste breve resumo. Quem já sabe do essencial pode ficar agora com a bomba que promete virar o circo de cabeça pra baixo.
Nas retas infindáveis de Monza, tudo continua inerte. A conturbada McLaren disputa com a Ferrari pra ver quem larga na frente e, por conseguinte, vence a procissão no domingo. A vida só pulsa fora das pistas.
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