11 de setembro de 2011

The Man Falling

As imagens e vídeos dos jumpers do WTC são [adjetivo ainda não inventado].

As estimativas variam, mas o consenso é que por volta de 200 pessoas pularam/caíram do alto das Torres Gêmeas há 10 anos atrás. A imensa maioria deles, da Torre Norte, a primeira atingida. Quem estava nos andares acima do impacto do avião não teve chance. Todas as rotas de fuga (escadas) foram cortadas. Todos morreram de forma terrível. Sufocados pela fumaça, queimados, cozidos. Ou numa queda impensável, de eternos dez segundos. “Uma solitária jornada de dez segundos” é a expressão usada no documentário mencionado no post abaixo, The Falling Man.

Já vi muitos vídeos dos jumpers. Inúmeros. Mais do que qualquer detalhe desse evento inacreditável, me fascinam e me aterrorizam. Mesmo assim, não consigo virar os olhos. É o sublime. O próximo post, uma tradução, tratará disso.

O repositório da internet é imenso. Há fotos de jumpers pulando juntos, dando as mãos, em grupos de quatro ou cinco, sozinhos. A quem procura: saiba que há riscos. Principalmente, o de ficar hipnotizado e não conseguir definir o horror. É péssimo não saber definir as coisas. Tentei uma vez. Serviu para amenizar um pouco minha curiosidade mórbida e aquiescer com a escolha de quem pulou.

Mas o que ocorre a partir dos 5:30 minutos do vídeo abaixo está ainda mais além de mim. Só fui capaz de assistir a isso pois já estava dessensibilizado pelos vários outros vídeos de jumpers. É o único vídeo, que conheço, de alguém caindo da Torre Sul.

Este não é um jumper, no sentido da palavra, embora nenhum o seja de fato. Ele escolheu fazer o impossível para viver. Pensou poder fazer uma façanha para evitar a morte. Em poucos segundos, seu plano desesperado transforma-se em [substantivo não inventado].

No plaza, em um prédio contíguo à Torre Sul, o câmera registrava os últimos segundos da vida desse homem enquanto tocava, nas caixas de som do plaza, um arranjo de elevador para uma música de elevador, How Deep is Your Love.

A esse tipo de tragédia e a esse nível de ironia não há qualquer imaginação humana - arte, ciência ou religião, mesmo um artigo jornalístico ou um documentário - que dê respostas. Esse homem, em que pese sua enorme coragem, não é um Falling Man. É um Man Falling. Que alguém mais talentoso do que eu, um dia, lhe dê algum sentido. Pois tudo o que consigo é tentar sentir no íntimo o que ele sentiu e, como ele, sem poder expressar mais nada.

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