Este texto é um trecho de uma matéria de Danielle Peck, da BBC, produtora da série Wonders of the Solar System.
Como a tradução é minha, os erros e distorções estão todos por minha conta.
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O vento solar se expande pelo espaço, criando uma vasta bolha que cerca o Sol chamada heliosfera.
Além dela, está o espaço interestelar. Até agora, essa bolha continua sendo em grande parte teórica, mas a humanidade está a um passo de cruzar as fronteiras dessa bolha e deixar para trás o império do Sol.
Mais de 30 anos atrás, as duas espaçonaves Voyager foram lançadas na Grand Tour - uma missão para explorar os planetas externos do Sistema Solar.
Elas passaram por Netuno (agora oficialmente o mais externo dos planetas) em 1989, e continuaram a viajar para longe do Sol a mais de 60.000 km/h desde então.
O cientista Dr. Ed C. Stone tem feito parte do time Voyager desde antes das sondas serem lançadas em 1977.
"Quando eu comecei com a Voyager, minhas duas filhas eram jovens e quando elas entraram na faculdade, nós já tínhamos passado por Saturno no caminho para Urano. Minhas filhas casaram-se e a Voyager continuou indo", diz orgulhosamente Dr. Stone.
"É maravilhoso ser parte de uma missão que ainda está explorando quando já tem 33 anos de existência. Ela ainda está indo onde nenhuma espaçonave foi antes".
A cada ano, as sondas viajam mais do que três vezes a distância entre a Terra e o Sol. Por 33 anos, elas continuam viajando com o vento solar. Elas ainda não deixaram o território do Sol - mas estão chegando perto.
Agora, as sondas estão cerca de 16 bilhões de quilômetros da Terra. A esta distância, suas mensagens demoram 15 horas para chegar até aqui, e recentemente essas mensagens começaram a dizer algo particularmente interessante.
As sondas detectaram uma mudança notável no comportamento do vento solar - os primeiros sinais de que ele está sendo empurrado de volta pelo meio interestelar que permeia a galáxia da Via Láctea.
As sondas Voyager nos contaram que vão, logo, escapar da heliosfera.
Será a primeira vez que um objeto feito pelo homem cruzará a fronteira para o espaço interestelar, mas a heróica jornada das Voyager não acabará aí.
As sondas têm energia suficiente para continuar fazendo algum tipo de trabalho científico pelo menos até 2025. Até lá, nós teremos entrado numa nova era de exploração.
A era da exploração do espaço interestelar.
3 comentários:
Foi emocionante ler esse micro depoimento do Dr.Stone.
Fica evidente - e aterrorizante - a nossa irrisória presença por esse mundo
Danilo,
Uma sonda que viaja desde 1977 e vai viajar mais uns 15 anos. Como ela armazena energia? Painéis solares? Ou algo parecido?
Seu blog está cada dia melhor.
Carlos Roberto
Carlos, é uma espécie de bateria nuclear. Foi bom você perguntar, porque eu achava que fosse um reatorzinho nuclear. Mas o processo é um tanto diferente.
http://voyager.jpl.nasa.gov/spacecraft/index.html
"Electrical power is supplied by three Radioisotope Thermoelectric Generators (RTGs). The current power levels are about 315 watts for each spacecraft. As the electrical power decreases, power loads on the spacecraft must be turned off in order to avoid having demand exceed supply. As loads are turned off, some spacecraft capabilities are eliminated."
http://www.nytimes.com/1989/08/26/us/voyager-s-heartbeat-is-nuclear-battery.html
"The Voyager's designers knew the craft would fly so far from the Sun that solar-electric cells would be virtually useless. To create electricity in the void, they instead relied on a small type of nuclear generator that turns the heat of decaying plutonium-238 into electric power.
This energy source is not that of a nuclear reactor, in which atoms are actively broken apart, but rather a kind of nuclear battery that uses natural radioactive decay to produce power."
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