Na primeira parte, ele supera Schumacher em quase 2 décimos.
Depois, bate o próprio tempo em quase 3 décimos.
Como nas linguagens profissionais, a proliferação conceitual corresponde a uma atenção mais firme em relação às propriedades do real, a um interesse mais desperto para as distinções que aí possam ser introduzidas. Essa ânsia de conhecimento objetivo constitui um dos aspectos mais negligenciados do pensamento daqueles que chamamos "primitivos". Se ele é raramente dirigido para realidades do mesmo nível daquelas às quais a ciência moderna está ligada, implica diligências intelectuais e métodos de observação semelhantes. Nos dois casos, o universo é objeto de pensamento, pelo menos como meio de satisfazer a necessidades.Cada civilização tende a superestimar a orientação objetiva de seu pensamento; é por isso, portanto, que ela jamais está ausente. Quando cometemos o erro de ver o selvagem como exclusivamente governado por suas necessidades orgânicas ou econômicas, não percebemos que ele nos dirige a mesma censura e que, para ele, seu próprio desejo de conhecimento parece melhor equilibrado que o nosso.
Diante do sofrimento, digo, quase infarto, deste macho ludopédico na rodada da última quarta-feira, matutava, com a pitomba metafísica chacoalhando na boca: será que as mulheres têm um sacrifício do mesmo porte, tão de graça mas ao mesmo tempo tão de verdade como a nossa maluca devoção pelos times do peito?
A minha costela amada ria do meu estado de nervos. Palmeiras 1x1 Sport. O Leão resistia com apenas dez homens em campo no Palestra Itália. Eu respirava por milagrosos balões de oxigênio. Ufa, fim de jogo, o homem de preto, que fizera de tudo para ajudar o adversário paulista, assopra a latinha. Abro a cerveja do guerreiro justiçado.
Fim de jogo e começo da mesa-rendonda caseira. Que loucura essa dos machos pelo futiba. E o que diabo você, mulher, ganha com isso?
Foi ai que lembrei de uma pesquisa sobre o assunto, que vale repeteco. Coisa animadora para as fêmeas. Repare só: a quantidade de testosterona produzida por um homem fanático aumenta 27,6% quando o seu time do coração triunfa. Mesmo que seja contra o Íbis, considerado historicamente como o pior time do mundo.
É um desses estudos malucos feitos pelos norte-americanos. Neste caso, uma turma de acadêmicas da Universidade da Geórgia.
Sim, as mulheres devem tirar proveito desta pesquisa e aprender com os seus parceiros tudo que sempre quiseram saber sobre tiros de meta, meia ofensivos, escanteios e, queira Deus, até mesmo os mistérios da lei do impedimento _uma das coisas mais enigmáticas para as fêmeas.
Um dado cruel da pesquisa, principalmente naquelas fases capengas dos nossos clubes: nas seguidas derrotas, o "homo-fanaticus" perde um tanto da sua capacidade de produzir hormônios (os mesmos 27,6%) e apresenta-se inapetente para o amor ou o sexo propriamente dito.
Agora, as mulheres, que jamais compreenderam o banzo sartreano dos machos derrotados no futebol, podem entender aqueles domingões tristes e monossilábicos.
O pior é que não adianta nada pedir para um sujeito mudar de time e tornar-se mais vencedor. Mesmo com a promessa de 27,6% de testosterona-plus, é mais fácil um homem-que-é-homem mudar de sexo do que de clube.
Primeiro, o homem é semelhante ao jogador que, quando se senta à mesa, toma na mão cartas que não inventou, pois o jogo de cartas é um dado da história e da civilização. Em segundo lugar, cada repetição das cartas resulta de uma distribuição contingente entre os jogadores e se faz sem que eles percebam. Há mãos aceitas passivamente mas que cada sociedade, assim como cada jogador, interpreta nos termos de vários sistemas, que podem ser comuns ou particulares: regras de um jogo ou regras de uma tática. E se sabe muito bem que com a mesma mão jogadores diferentes não farão a mesma partida, se bem que não possam, coagidos também pelas regras, jogar qualquer partida com qualquer mão.
[Os adolescentes] (como sem dúvida ocorre hoje na Europa) crêem de verdade e intensamente no Ocaso da Civilização, identificam a Natureza com a Inocência e teorizam a sua Sacralidade; fazem um uso contínuo e cotidiano de máquinas da mais variada espécie e natureza e ao mesmo tempo detestam tudo o que é artificial, odeiam a indústria, a química, a tecnologia, a modernidade; mostram-se mais sensíveis aos massacres de filhotes de foca do que de crianças africanas ou brasileiras; são hostis ao presente em nome de uma inédita mistura de nostalgia pelo passado e expectativa sobre o futuro; associam, numa alarmante fusão, tradicionalismo de direita e utopismo de esquerda, comportamentos nostálgicos e futurísticos; vêem a Natureza como uma Deusa Amiga e o homem como Inimigo dessa benevolente Divindade; defendem o localismo e zombam do universalismo; aderem enfim (em muitos casos) a posições de radical anti-humanismo sem nunca ter lido nem Spengler nem Heidegger, sem nunca ter ouvido falar deles.
Há um espaço onde eu termino e você começa. Há um espaço onde termina a interpretação e começa o objeto. E há um pequeno espaço entre mim e o eu-lírico de Where I End and You Begin.
Onde eu termino e você começa há um espaço, uma lacuna, um buraco. Há uma barreira que me impede de tocá-la e de evitar amá-la. Você está quase ao meu alcance, quase. Eu te vejo, observo teus atos, esmiúço teus detalhes. E quando prendo meus olhos aos teus, estou nas nuvens.
Há tempo para evitar o meu fim e o seu começo? Não houve tempo para Thom. Ele foi deixado pra trás, sozinho, enquanto sua vida desmoronava no mar. Thom perdeu o sentido da temporalidade. Ele vê novamente os minutos caindo num instante como grãos em uma ampulheta. Ele vê os milhões de anos disso tudo passando como um raio. Thom está fora do tempo, sua existência não existe. Ele vive tanto quanto um fóssil, o fóssil viveu, Thom viveu, o fóssil vive, qual a diferença entre Thom e um dinossauro?
Eu sou diferente do dinossauro. Eu estou nas nuvens. As nuvens são tudo, as nuvens são eu e você e tudo o mais, o mundo à nossa volta. As nuvens são a realidade da dor e a fantasia do prazer. Eu não consigo me livrar das nuvens. Eu não quero me livrar das nuvens.
O que há no espaço entre a minha experiência que começa e a de Thom, que termina? Essa coisa que queima e se instala em todas as mentes. Essa coisa que nos come inteiros, vivos. Esse desejo mais profundo individualmente personalizado na figura de uma outra pessoa, da qual não mais conseguimos desviar o olhar, as mãos, a boca, o sexo. Essa ilusão enraizada na mais profunda essência dos animais que copulam, essa ilusão que se apodera de nós e nos faz dizer a verdade quando realmente a sentimos, olho no olho, eu te adoro, eu te amo, eu preciso de você.
"O Palmeiras está sendo pressionado. Mas a pressão do Sport é apenas subjetiva"
Repercutiu pouco fora da comunidade científica, mas a discussão é particularmente importante aqui nos EUA: na semana passada, o Conselho de Educação do Texas fez mudanças no currículo das escolas de primeiro e segundo grau. No primeiro instante, o resultado da reunião do conselho foi divulgado como uma vitória para a trupe de Darwin.
Mas não tão rápido.
Os criacionistas – inclua-se na lista o presidente do Conselho – queriam inserir a exigência de que os professores de ciência do estado ensinassem ‘o que é forte e o que é fraco’ a respeito de cada teoria científica. Tais palavras não foram aprovadas – e por isso alguns acharam que se tratava de uma vitória. Mas o texto terminou incluindo a exigência de que ‘todos os lados das evidências científicas’ deveriam ser apresentadas aos alunos.
Para impor sua visão religiosa, os criacionistas aproveitam-se da diferença de significado da palavra teoria. No uso coloquial, teoria é um chute, uma tentativa de explicação. Em ciência, teoria é mais que um fato. Teoria científica é o conjunto de vários fatos observados independentemente e a explicação de como eles se relacionam.
A Teoria Atômica, portanto, não é uma suspeita de que átomos existam. É a detalhada explicação de como átomos funcionam. A Teoria da Gravidade não sugere que a maçã deverá cair. Ela explica como corpos com massas se atraem e determina que a maçã, de massa menor, será irremediavelmente atraída em direção à Terra, de massa maior. (A Terra também será atraída em direção à maçã, diga-se.) A Teoria da Evolução tampouco é uma possibilidade. A Evolução aconteceu. A Teoria explica como.
O Texas é o estado mais importante dos EUA nessas questões educacionais. Por um motivo: a educação de base norte-americana é pública e nenhum estado tem tantos alunos em sua rede quanto o Texas. É, portanto, o maior comprador de livros didáticos do país. Se os editores tiverem que adaptar seus livros para vender no estado, tais serão os livros consumidos em todo o país.
Nessas horas, o que salva é o humor. Escrevendo na Newsweek, Cristopher Hitchens sugere que a idéia de obrigatoriedade do ensino ‘do que é forte e do que é fraco’ no argumento seja estendida. Toda igreja e instituição religiosa que receba algum tipo de benefício fiscal deveria, de presto, apresentar em seus sermões e cursos os argumentos contrários a suas crenças.
Não importa se os argumentos não forem religiosos. Afinal – não é isso que querem? Impor argumentos religiosos nas aulas de ciência?
Ontem fui o mais feliz dos seres humanos a cada gol do meu time, a cada gol do outro, e o pior dos miseráveis quando tudo acabou, quando o futuro chegou. É só um campeonato, uma bola e um gramado, já passou, é passado, mas na hora em que vi esse menino chorando no jornal, a dor voltou para o presente, porque a graça está aí: sorrir, chorar, sorrir, sofrer, e depois esquecer.
Esta não foi a primeira vez que utilizei este argumento arrasador, e devo chamar a atenção para que ele deva ser estritamente utilizado contra pessoas que pensam como o meu colega da cabaça. Há outros que, confusamente, também chamam a si próprios de relativistas culturais, embora seus pontos de vista sejam completamente diferentes e perfeitamente sensatos. Para estes, o relativismo cultural significa apenas que você não pode entender uma cultura se você tentar interpretar suas crenças em termos de sua própria cultura. Tenho suspeitas de que esta forma sensata de relativismo cultural seja a original, e aquela que critiquei como radical, embora alarmantemente comum, uma forma perversa da original. Os relativistas sensatos deveriam trabalhar mais duramente para distanciar-se dos relativistas do tipo tolo.