Os posts abaixo suscitaram - como é ainda de se esperar quando tocamos na relação entre darwinismo, criacionismo, ciência e relativismo - uma acalorada discussão nos comentários. Mas acho que boa parte dela poderia ser mais produtiva se tivesse havido, desde o início, uma definição mais clara sobre qual o tipo de relativismo que estou atacando, via Dawkins. My bad.
Na nota de rodapé ao trecho aqui citado, o próprio Dawkins esclarece melhor a questão:
Esta não foi a primeira vez que utilizei este argumento arrasador, e devo chamar a atenção para que ele deva ser estritamente utilizado contra pessoas que pensam como o meu colega da cabaça. Há outros que, confusamente, também chamam a si próprios de relativistas culturais, embora seus pontos de vista sejam completamente diferentes e perfeitamente sensatos. Para estes, o relativismo cultural significa apenas que você não pode entender uma cultura se você tentar interpretar suas crenças em termos de sua própria cultura. Tenho suspeitas de que esta forma sensata de relativismo cultural seja a original, e aquela que critiquei como radical, embora alarmantemente comum, uma forma perversa da original. Os relativistas sensatos deveriam trabalhar mais duramente para distanciar-se dos relativistas do tipo tolo.
Minhas únicas reservas para este trecho são os termos "perversa" e "tolo" para designar o relativismo radical (é o bom e velho Dawkins, oras!). De resto, o que este ferrenho advogado do darwinismo falou, tá falado.
4 comentários:
Aí, tá vendo, isso que ele falou eu até poderia concordar.
Não dá pra se conhecer uma cultura sem estar integrado à ela.
Eu vejo muito isso com relação aos historiadores, por exemplo, quando alguém pegunta: "porque os homens da caverna faziam aquelas pinturas".
Aí vem um historiador: "Ele representava as cenas do dia a dia, como uma forma de passagem de ensinamentos e blá blá blá".
Porque eles não podem imaginar: "O carinha comeu um cogumelo estragado e começou a viajar na maionese e pixou a parede toda com aquelas merdas". Não é isso que motiva os pintores de hoje em dia? hehehe
Mas ainda acho que é errado o pessoal da "ciência" criticar aqueles que têm outra "crença". Porque, afinal de contas, a ciência nada mais é que uma forma de religião :)
Abraços.
A ciência não é uma forma de religião, Trip.
A religião não é uma forma de ciência, Trip.
Cristo abençoado, Trip! Será necessário invocar o espírito de William Ockam e refazer todo o caminho de divórcio entre ciência e religião que começou no medievo?
Acho que me expressei errado.
O que eu quis dizer é que a Ciência e a Religião são semelhantes já que ambas tentam explicar através de suas ferramentas o mundo que estamos inserido.
É assim que eu vejo as duas.
Ah, sim. Também acho.
A ciência explica por meio de imaginação, teorizações, experimentação, num processo sempre falho e incompleto. A religião explica por meio de dogmas imutáveis escritos por sábios em priscas eras.
Bem semelhantes, não é não?
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