9 de maio de 2008

A desinformação é a alma do negócio

Você está com o saco na lua de tanto ouvir Isabella, Alexandre Nardoni, Anna Carolina Jatobá, Edifício London, etc? Já houve tantas explicações didaticamente detalhadas sobre o crime queridinho da mídia quanto há estrelas na nossa galáxia. Tem gente que sabe o horário em que o carro da "família Nardoni" parou de funcionar mas não tem a mínima idéia do que aconteceu com a taxa Selic nos últimos dias ou quê raios é o tal do investment grade que o Brasil recebeu lá fora.

Anteontem o Globo News ficou mais de três horas sem interrupção no ar com imagens da fachada do prédio onde estavam os dois suspeitos. Não bastasse isso, a Globo interrompeu a transmissão do jogo do São Paulo em pleno mata-mata de Libertadores para mostrar carros de polícia na rua. Castigo merecido, Adriano marcou o gol bem na hora.

A lógica do espetáculo está bem clara. A pobre Isabella Nardoni levanta programas televisivos em queda, dá muita audiência, muita grana.

O que dizer, então, da insistência da mídia em querer arrumar uma intenção de terceiro mandato para Lula? Não bastam as sucessivas e taxativas negações públicas do presidente, não basta um artigo claro no site do próprio PT. A quem interessa esfumaçar as realizações do governo e virar os olhos do público para factóides como o do terceiro mandato ou o do tal "dossiê", que tenta queimar Dilma Roussef?

Para o bem da informação, contudo, existe a internet. É possível achar, por exemplo, um questionamento muito pertinente do Observatório da Imprensa sobre prioridades jornalísticas, ou dados no mínimo interessantes sobre a cobertura do suposto "dossiê FHC" no mesmo site, que também esmiuçou a "escandalização do nada" perpetrada pela revista Veja e engolida pela Folha.

E quando boa parte da própria internet falha em informar, ainda há a blogosfera, cada vez mais forte. Nela, ao contrário da cobertura pueril e desonesta da grande mídia, podemos aprender, por exemplo, sempre um pouco mais sobre as eleições americanas com o Idelber Avelar, aqui e aqui, ou com o Pedro Dória, aqui. No caso de uma notícia como os 60 anos de Israel, a mídia fica na superfície, dá mais atenção a um escândalo do primeiro-ministro, não informa nem explica absolutamente nada. No Dória, no entanto, lança-se mão da história para compreender e suscitar debates. No caso do "dossiê FHC", dá-se atenção ora a um Artur Virgílio ou José Agripino falando asneiras, ora a um esfrega-show de Dilma, mas nada de informação concreta. Com o Luis Nassif, no entanto, encontramos desconstruções críticas do caso aqui e aqui.

Na blogosfera noticia-se, explica-se, opina-se. Já sob o véu da "cobertura imparcial", a grande mídia se abstem de informar e explicar, oculta posicionamentos políticos e deixa todo mundo cada vez mais perdido. São os negócios, estúpido!

Um comentário:

Sasqua disse...

Cara, é impressionante!

Eu comecei juistamente a escrever sobre essa história do dossiê. É impressionante a estupidez da oposição e é revoltante a forma como a imprensa considera seus espectadores, leitores e ouvintes seres acéfalos.

Mas as vezes temos desses prazeres... A surra que a Dilma deu na besta do Agripino foi demais! E a Miriam Leitão então? Até ela defendeu a Dilma... Foi hilário...

De onde você vem?