Atenção: leitores interessados em coisas interessantes, fujam desse post.
A Marjorie Rodrigues tem um blog muitíssimo bem escrito. É um bom blog. Quem o lê sempre é a minha mulher. Fermenta a sua imaginação feminista. Dia desses aqui em casa, em mais uma discussão estéril sobre a problemática sem solucionática que envolve gêneros sexuais humanos, foi-me indicado um texto da Marjorie sobre o que o Marcelo Tas escreveu acerca do litígio da Juliana Paes contra o Zé Simão, que acabou proibido pela justiça de tocar no nome da atriz.
Enfim, o texto da Marjorie é muito ruim. Sua pretensa desconstrução crítica do texto do Tas é paupérrima. Cheia de falácias lógicas. Ad hominen, declive escorregadio, falácia de omissão. Fiquem à vontade, o menu é grande. A coisa não se sustenta. E pior: além de ser uma argumentação pobre, trata-se de uma patrulhagem das brabas. Tão carola com seu credo quanto uma reunião da TFP ou o comitê do partido comunista norte-coreano. Vejam por vocês mesmos.
Não resisti e deixei algumas palavras na caixa de comentário dela:
Essa carolice feminista me dá ânsia de vômito. Esse texto é coisa de patrulha. Quem sabe, se você estivesse no meio da contra-reforma, mandaria gente pra fogueira. Ou talvez mandaria pra Sibéria alguém que discordasse da doutrina oficial do partido. Só que nasceu num contexto diferente e se aferra a doutrina diferente
O comentário me rendeu uma mui honrosa indicação a Top Troll, ao lado de coisas ultra ofensivas, num post até bem humorado. Deixei outro comentário: “É uma honra”. Meio irônico, meio sério, pois é um bom blog. Fui citado lá. É uma honra. Votei em mim mesmo.
Meu comentário não apareceu. Depois, fui ver, nem o meu comentário original apareceu no lugar onde foi postado. Foi citado apenas em parte (como aí em cima) para ser ridicularizado. Aí vejo que a autora do blog respondeu à minha mulher (que concorda com ela) desse jeito:
gente, tô chocada aqui com os trolls serem amigos ou conhecidos das leitoras!
Bom, acho que o que falta para o seu marido é reconhecer que a sociedade dá a ele um privilégio, apenas por ser homem. Um privilégio de nascimento. Não é culpa dele individualmente — é a estrutura de poder da sociedade. Mas é lógico que isso é chato de se reconhecer. É chato a gente reconhecer que o nosso modo de vida, na outra ponta, prejudica os outros. É mais fácil a gente virar a cara para o outro lado. Fingir que não vê, fingir que não sabe. Mas, felizmente, sempre tem gente para chamar atenção para aquilo que vc não quer ver: “olha, vc tem privilégio. Olha, isso não é justo. Olha, vc precisa rejeitar esse privilégio e lutar com a gente”.
E aí as pessoas se sentem mei’ perseguidas. Pq não querem reconhecer ou abrir mão do privilégio. Querem simplesmente continuar vivendo suas vidinhas. No post do I Choose my Choice, teve um cara que fez um comentário ÓTIMO sobre isso. Ele disse algo mais ou menos assim: “as pessoas ficam: “buááá, eu não posso mais fazer piada de preto em paz? Vc tem que me lembrar que isso é racista? Buááá, me deixa socar uma pra esse gangbang em paz, preciso lembrar que a mulher ali mto provavelmente está sendo explorada?”. E por aí vai.
A gente tá cutucando a ferida. Toda vez que alguém diz “mimimi, estou me sentindo patrulhado”, eu penso: “missão cumprida”. Porque a gente tá aqui pra isso mesmo. Pra incomodar. Pra dizer que não basta virar o rosto e fingir que as coisas não existem. Ora, na prática, eu não posso fazer nada com o seu marido. Eu não posso puni-lo, não posso impedi-lo, não forçá-lo a nada. Nem quero. Na prática, ele continua tendo o seu privilégio, a sociedade continua machista. O lado mais fraco da corda SOU EU! Mas, se ELE se sente patrulhado, se ele se sente tão incomodado, é porque ele sabe que tem algo errado e não quer ser chamado a atenção para isso.
Eu comecei a ficar indignado. Quanta arrogância. Postei isso aqui, esperando não ser censurado:
Além de patrulheira não tem senso de humor e censura comentários?
Meu comentário, neste post, foi: "É uma honra." Recebi a indicação com bom humor. Votei em mim duas vezes (minha mulher, mais uma). Só que meu comentário não foi publicado. Acabei de ver que também não publicou meu comentário "troll".
Só corrobora aquilo que eu disse. Carolice sem tamanho. Patrulha. Não censure este aqui, pelo menos como direito de resposta. Coloquei meu nome e sobrenome, que você citou junto com meu comentário, mas que nem sequer indicou de onde veio, a qual post foi destinado. E também não citou na íntegra.
No post sobre Tas/Simão/Juliana (que é de onde veio o meu comentário), você enxerga pêlo em ovo, Marjorie. Seu filtro é tão forte, sua percepção da realidade é tão enviesada pelo posicionamento sexista, que em muitas coisas que não têm teor necessariamente sexista, mas que tratam de sexo e diferença de gênero, você identifica machismo e joga as pedras. E isso é o espírito de patrulha. Você o tem tanto quanto esquerdistas dogmáticos, cristãos e muçulmanos fervorosos, direitistas anaeróbicos. Reitero o que disse: a minha impressão é que, se você estivesse do outro lado, seria a primeira a "vigiar e punir".
Desça do pedestal e nunca assuma que você percebe a realidade de um ponto de vista superior a algum interlocutor, mesmo que você o considere um troll. Você o fez num comentário acima: "Bom, acho que o que falta para o seu marido é reconhecer que a sociedade dá a ele um privilégio, apenas por ser homem. Um privilégio de nascimento. Não é culpa dele individualmente — é a estrutura de poder da sociedade. Mas é lógico que isso é chato de se reconhecer. É chato a gente reconhecer que o nosso modo de vida, na outra ponta, prejudica os outros. É mais fácil a gente virar a cara para o outro lado."
É incrível como pode tirar essas conclusões apenas por meio de uma crítica ácida a um post seu. Sua postura é tão arrogante que me subestima completamente. Está tão, tão ciosa de seu filtro, de seu feminismo, que não enxerga o real problema que eu apontei: o problema é a carolice, não o feminismo. O problema é a patrulha, não textos inteligentes e desconstruções críticas. Com minhas limitações humanas, eu enxergo as "estruturas de poder" que me cercam, que me garantem privilégios por ser homem e me excluem por outros motivos. Adoro o jornalzinho feminista que circula na Unicamp, do PAGU. Estudo história da ciência e penso que um dos pontos nevrálgicos da coisa, que me dei conta há pouco tempo, é o bloqueio formal à atividade científica para as mulheres até bem pouco tempo atrás, e a contribuição silenciosa das mulheres durante séculos. Gosto das ideias da Donna Haraway, de suas posições intelectuais e políticas. Me identifico completamente com causas feministas, gays, negras. Não tenho problema nem com alguns radicalismos. Mas detesto quem enxerga pêlo em ovo, só porque se encaixa com seu filtro da realidade, como faz a Julia Kristeva em sua análise sobre a física de fluidos. Algo sem pé nem cabeça.
Selecionar e encaixar dados da realidade para satisfazer nossos modelos teóricos é mais fácil do que você pensa. É o que você fez no post sobre o Tas. Algo bem rasteiro. Não tão grosseiro quanto o que a Kristeva faz com a ciência, mas bem rasteiro. Coloca ideias na cabeça do Tas que não transparecem naquilo que o cara escreveu, nem nas entrelinhas. Reitero: não curto o Zé Simão (é copy and paste, mesmo). O Tas, pra mim, não cheira nem fede.
O feminismo, como ferramenta intelectual de ativismo e de desconstrução crítica da realidade, é e sempre foi necessário, legítimo, merece toda a propagação do mundo. A sua carolice, como aparece no post sobre o Tas, continua me dando ânsia de vômito. O duro é que você anda fazendo escola aqui em casa.
Espero que você não censure este, pelo menos este, comentário.
É uma honra, novamente, ser indicado como troll.
VOTEM EM MIM!
E não é que a babaca censurou? Justificou ainda mais a postura de patrulheira, de carola, de mané mesmo. Sente-se a justiceira do cyberespaço, a defensora do lado mais fraco, a ativista, aberta ao diálogo, mas não passa de uma autoritária fechada ao contraponto.
Começo a perceber que esse negócio de blogar é meio ridículo. Fala-se aos convertidos, somente. Exclui-se o outro. A não ser os blogs grandes, estes nossos amadores não suscitam debate porra nenhuma. Fica cada um com seu cordão de carolas puxa-saco, deusolivre. Se bobear, este blog aqui aproveita a deixa do Idelber e do Dória pra embarcar junto. Deu no saco.