A fúria dos pores-do-sol
Algo
frio está no ar,
uma aura de gelo
e fleuma.
Todo o dia construí
uma vida e agora
o sol afunda-se para
se desfazer.
O horizonte sangra
e chupa seu polegar.
O pequeno polegar vermelho
desaparece de vista.
E admiro-me
com minha própria vida,
este sonho que vivo.
Eu podia comer o céu
como uma maçã
mas prefiro
perguntar à primeira estrela:
por que estou aqui?
Por que vivo nesta casa?
quem é o responsável?
Hein?
A tradução é de Priscila Manhães. Abaixo, a poesia original. Outras podem ser encontradas aqui.
The fury of sunsets
Something
cold is in the air,
an aura of ice
and phlegm.
All day I've built
a lifetime and now
the sun sinks to
undo it.
The horizon bleeds
and sucks its thumb.
The little red thumb
goes out of sight.
And I wonder about
this lifetime with myself,
this dream I'm living.
I could eat the sky
like an apple
but I'd rather
ask the first star:
why am I here?
why do I live in this house?
who's responsible?
eh?
A autora é Anne Sexton (1928 - 1974), poetisa americana de estilo confessional. Em 4 de outubro de 1974, Anne se trancou na garagem, deu a partida no carro, e ficou lá até a concentração de monóxido de carbono se tornar mortal. Inspirou a música Grey Street, da Dave Matthews Band (e foi por isso que a descobri, meio sem querer). O video abaixo contém a música e a letra.
2 comentários:
Maravilhoso, Dan.
Linda poesia de Anne.
Pena que ela tenha feito a escolha de ficar na Grey Street.
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