Aqui, em inglês, um artigo de 2004 da Space.com sobre os dois jipes da NASA que continuam explorando a superfície marciana.
O assunto é interessantíssmo. Spirit e Opportunity foram planejados para uma missão básica de 90 dias. Só que estão há mais de três anos em plena operação. Ninguém sabe o quê vai parar de funcionar neles. Só há a certeza do fim. Quando e como, ninguém tem a mínima idéia.
A morte dos robôs traz à tona o sentimento de cientistas e engenheiros envolvidos na missão. Uma inevitável afeição pelos jipes foi gerada. Para Matt Wallace, do Laboratório de Propulsão a Jato, os jipes desenvolveram personalidades diferentes, apesar de gêmeos. Como diz o artigo, nos testes ainda na Terra, Wallace notou que o Spirit tendia a ser "menos comportado e mais aventureiro" do que seu irmão, que "sempre seguia na linha". Mas tem os pés no chão: "é uma máquina. É por isso que mandamos máquinas a esses ambientes perigosos antes de mandar humanos".
Apesar de máquinas, há muito espírito nesses robôs. Foram anos de dedicação exclusiva e apaixonada de muitas pessoas. Por isso, o próprio Wallace reconhece que "o fim vai ser duro".
Poderíamos desconfiar de uma travessura de Spirit ao travar uma de suas rodas e fazer ao acaso uma das melhores descobertas da missão? Spirit não é nenhum HAL 9000, o orgulhoso e angustiado computador de 2001, de Kubrick. Não deve haver medo no jipinho, ainda mais sendo quem é, o mais aventureiro dos dois. Mas se houvesse um pouquinho de inquietação existencial nesse robô, não seria de todo sem sentido dizer-lhe: "Você deixou suas marcas, Spirit."
Crédito da tirinha: Caco Galhardo, Folha de SP, 02/01/2007.
Crédito da foto: o destemido Spirit, NASA/JPL, 2004.
2 comentários:
Belo texto! Por causa disso, fiquei com uma pergunta a pairar na minha mente: daqui a algumas dezenas de anos, quando o Homem pisar terra marciana e encotrar os dois robôs, o que vai fazer com eles? Deixa-los onde está ou leva-os de volta à Terra, para o pôr no Museu?
Dilema interessante, não acha?
Cara, bela inquietação!!!!!!
Vou começar a pensar sobre isso, um pouco.
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