28 de junho de 2007

Radiohead - parte 4

How to Disappear Completely

ou

A Impossibilidade de um Cientista Pós-Moderno



Construo, não descubro, pois não há o que descobrir. Não existe maneira de acessar a realidade, pois a realidade não existe objetivamente. O mundo não passa de representação. Tenho consciência de estar na prisão da cultura. A cultura é dona dessa prisão. De vez em quando ela vem à minha cela e me diz o que o mundo é e o que o mundo não é. Assim como outras culturas falam a outros indivíduos sobre o mundo. Para mim, o mundo é x. Para outro, o mundo é y. Meu mundo e o dele são incomparáveis, visto que nossas culturas não se entendem sobre um mundo que não existe fora delas.

Minhas teorias são ficções, os experimentos e os resultados, ilusões. Meus instrumentos espremem o mundo dentro do recipiente da minha teoria. Preciso dizer que o mundo é infinitamente maleável?

Minha atividade não tem status epistemológico privilegiado. Quer dizer, dedico a vida a uma atividade que não se eleva sobre nenhuma outra, não tem mais mérito na tarefa de conhecer o mundo do que as outras incontáveis ocupações humanas. Não me iludo sobre a verdade. Verdadeiro e falso são a mesma coisa. Os outros me dizem o que é verdadeiro e o que é falso, e eu mesmo me arrisco a dizer o que é um e o que é outro. Eu escolho o que é verdadeiro, assim como os outros antes de mim escolheram. Eu mesmo sou reflexo das escolhas dos outros. Tudo é escolha. O mundo não se reflete em mim, eu me reflito no mundo.

Sou um pedreiro (sem planta) do cosmos.

Eu não existo.
I´m not here.
I´m not here.

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