Viram a nova estratégia do exército americano no Iraque? Armar (leia-se: sustentar com dinheiro, comida e, claro, armas) sunitas baathistas afim de que estes combatam os sunitas radicais ligados à Al Qaeda, os responsáveis pela maior parte das últimas atrocidades contra a população civil iraquiana. Baathistas são aqueles ligados ao partido Baath. Quem era o grande líder do Baath? Saddam Hussein. Ele mesmo, o popular Bigode.
Bigode foi levado ao poder pelo próprio Império. Ficou por lá até se meter a fabricar perigosas, invisíveis e indetectáveis armas de destruição em massa visando a destruição da civilização ocidental judaico-cristã. Aí o Bigode foi enforcado, digo, decaptado pelo atual fantoche, quer dizer, governo iraquiano. Agora, o pessoal do Bigode está sendo rearmado pelo Império.
Não, parece que não é nenhuma brincadeira.
Hélio Schwartsman, sempre ele, publicou agora há pouco uma análise muito sensata sobre a questão iraquiana. Seco e reto, esboça um provável labirinto político para a região:
No cenário mais provável, a dissolução do Iraque multiétnico daria lugar a três Estados, um de maioria árabe xiita (60% da população), outro árabe sunita (20%) e um terceiro curdo (20%), que tenderiam a guerrear entre si pelo controle dos ricos lençóis petrolíferos. O problema é que o conflito dificilmente ficaria restrito a esses três grupos. Como já vimos, a Turquia fará de tudo para impedir o surgimento de um Curdistão independente. Os Estados árabes da região não tolerariam bem uma interferência turca, que também poderia levar o Irã a agir. Como se não bastasse, os países árabes do Golfo dificilmente aceitariam o aparecimento de um Estado xiita com fortes vínculos com Teerã a oeste do canal de Shat al Arab. Muito provavelmente despejariam rios de dinheiro para armar e apoiar os árabes sunitas iraquianos, que se lançariam num combate sem tréguas contra os xiitas.
Deu pra imaginar as torrentes de sangue, os corpos despedaçados e os sonhos decaptados?
3 comentários:
Mas isso vai ser inevitável. Toda aquela zona do Médio Oriente, de mentalidade tribalista, só conhece duas coisas: o dominio de um clã sobre o outro e a paz dos cemitérios. Houve um analista que disse, falando sobre a fundação de Israel, há quase 60 anos atrás, que os países árabes encontraram um motivo de união: o ódio ao estado Judeu. Sem isso, era uma guerra civil permanente...
P.S: Aconselho-te a ler livros sobre a História do Iraque no século XX. Vais ver até que ponto aquilo é uma criação artificial da Grã-Bretanha, depois de 1918...
Eu sei, Speeder, a Inglaterra mexeu legal naquele vespeiro antes da 2ª guerra, não só no Iraque.
Agora, só os idiotas neocons pra esquecerem disso e tentarem implantar uma democracia por lá, ainda que títere. A coisa só tava razoavelmente tranquila por causa da cruel mão de ferro do Saddam.
Speeder, só uma coisa. Não acho que a zona por lá seja por causa de uma determinada mentalidade tribalista.
É mais resultado do século XX do que qualquer outra coisa.
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