26 de junho de 2007

Definitivo

Um pouco de Drummond...


Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.

2 comentários:

Gabriela Giannetti Zilio disse...

É realmente, nós sofremos pelas nossas futuras projeções e pelas coisas que não pudemos, queríamos ou deixamos de fazer... Por vezes valorizamos quando perdemos...é esse é o ser humano...Acredito que o sofrimento faz parte de um processo, principalmente no início, mas com o tempo passamos a viver mais e nos iludir menos (como a própria poesia diz), e o sofrimento dá lugar a uma saudade e a um carinho enorme.(ainda bem, hehehe). O maior desafio disso tudo, é nos permitirmos viver intensamente para que possamos ter outros maravilhosos momentos dos já vividos. Sem ter medo, para que lá na frente não nos dermos conta que estamos frios e distantes, por ter medo de não sofrer mais....

Vanessa disse...

Ávido!
No entanto, alguma coisa sempre fica pra trás...

De onde você vem?