Elsa e Fred
O filme hispano-argentino Elsa & Fred não é perfeito. Mas é compreensível que seja problemático: trata-se de uma história de amor entre dois oitentões. Ao abordar tamanha complexidade, o diretor Marcos Carnevale conseguiu sair-se com um filme sensível e razoavelmente equilibrado. A película não subestima o problema, embora tenha lhe dado tonalidades exageradamente românticas. Ao filme, portanto.
Elsa é uma mulher impulsiva. Diz o que quer, mente, não se preocupa com o que vão pensar dela. Dirige. Não permite o controle dos outros sobre sua vida. Ela a guia. Gasta seu dinheiro como quer. A velhice, para ela, é um álibi. E com toda essa segurança e destemor, Elsa se interessa por um vizinho recém-chegado, Alfredo.
Alfredo, ou Fred, é um cagão - palavra de Elsa. Hipocondríaco, atormenta-se com a morte cada vez mais próxima. Sua recente viuvez o impede de livrar-se da organização e comedimento impostos pela falecida esposa. Sua filha o vigia. Tem dinheiro guardado. A velhice, para ele, é uma barreira.
Desavergonhadamente, Elsa caça Alfredo com perseverança. Não obstante seus esforços em não deixar brechas para um relacionamento impensável, Alfredo sucumbe aos encantos de Elsa. Aos poucos, vai perdendo a sensação de morte que carregava consigo. Sente-se vivo, enfim.
Mais, não dá pra dizer. A não ser sobre quem vai e quem fica, pois é algo que fica claro durante o filme: Elsa termina em supernova. Não sem antes um último e fugaz brilho, um sonho de juventude proporcionado por Alfredo. Mas isso é surpresa.
Ao longo e ao término do filme, é impossível não se inebriar com essa história aparentemente incomum. Todos, não apenas os idosos, podem se identificar com o enredo. Seu apelo é universal: quem nunca se apaixonou? quem não quer se apaixonar? A falta de controle, a ansiedade, o encontrar um sentido na forma da outra pessoa. Quem não gostaria disso? Ou melhor, quem, durante o crepúsculo da vida, não gostaria de ter a oportunidade de sentir isso?
No entanto, em busca desse apelo universal ou mesmo na tentativa de tornar sua obra mais digerível, Carnevale se contém e poupa-nos de um artifício que poderia tornar o filme realmente original. Não há qualquer menção à sexualidade dos velhinhos. Mesmo que o coito não exista, mesmo que Alfredo não tenha tomado viagra, algo deveria ocorrer aos nossos olhos. Pelo menos uns amassos geriátricos explícitos poderiam ter ocorrido. O desejo poderia ter sido menos idealizado.
Some-se a isso a subtração da decadência física final de Elsa. O corte violento para os olhos reconfortados de Fred à frente da lápide de sua amada não satisfaz o desejo do espectador em saber como foi a reação do personagem ao doloroso fim. A despedida, algo tão forte quanto a paixão, foi desperdiçada. E assim ficamos com um belo filme, mas com a sensação de que poderia ter sido mais, muito mais.
Elsa é uma mulher impulsiva. Diz o que quer, mente, não se preocupa com o que vão pensar dela. Dirige. Não permite o controle dos outros sobre sua vida. Ela a guia. Gasta seu dinheiro como quer. A velhice, para ela, é um álibi. E com toda essa segurança e destemor, Elsa se interessa por um vizinho recém-chegado, Alfredo.
Alfredo, ou Fred, é um cagão - palavra de Elsa. Hipocondríaco, atormenta-se com a morte cada vez mais próxima. Sua recente viuvez o impede de livrar-se da organização e comedimento impostos pela falecida esposa. Sua filha o vigia. Tem dinheiro guardado. A velhice, para ele, é uma barreira.
Desavergonhadamente, Elsa caça Alfredo com perseverança. Não obstante seus esforços em não deixar brechas para um relacionamento impensável, Alfredo sucumbe aos encantos de Elsa. Aos poucos, vai perdendo a sensação de morte que carregava consigo. Sente-se vivo, enfim.
Mais, não dá pra dizer. A não ser sobre quem vai e quem fica, pois é algo que fica claro durante o filme: Elsa termina em supernova. Não sem antes um último e fugaz brilho, um sonho de juventude proporcionado por Alfredo. Mas isso é surpresa.
Ao longo e ao término do filme, é impossível não se inebriar com essa história aparentemente incomum. Todos, não apenas os idosos, podem se identificar com o enredo. Seu apelo é universal: quem nunca se apaixonou? quem não quer se apaixonar? A falta de controle, a ansiedade, o encontrar um sentido na forma da outra pessoa. Quem não gostaria disso? Ou melhor, quem, durante o crepúsculo da vida, não gostaria de ter a oportunidade de sentir isso?
No entanto, em busca desse apelo universal ou mesmo na tentativa de tornar sua obra mais digerível, Carnevale se contém e poupa-nos de um artifício que poderia tornar o filme realmente original. Não há qualquer menção à sexualidade dos velhinhos. Mesmo que o coito não exista, mesmo que Alfredo não tenha tomado viagra, algo deveria ocorrer aos nossos olhos. Pelo menos uns amassos geriátricos explícitos poderiam ter ocorrido. O desejo poderia ter sido menos idealizado.
Some-se a isso a subtração da decadência física final de Elsa. O corte violento para os olhos reconfortados de Fred à frente da lápide de sua amada não satisfaz o desejo do espectador em saber como foi a reação do personagem ao doloroso fim. A despedida, algo tão forte quanto a paixão, foi desperdiçada. E assim ficamos com um belo filme, mas com a sensação de que poderia ter sido mais, muito mais.
3 comentários:
Cara, por acaso a Elsa é a Angela Merkel disfarçada??
Segundo consta, Elsa é parecida com a SENHORA SUA MÃE!
Hahahahahahahahahahah
Não vou comentar nada a princípio, mas com certeza irei assisti-lo...
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