20 de maio de 2007
O Anjo da História
Juliano Pavanelli Stefanovitz tem algumas inquietações acerca de seu lugar e, mais profundamente, de nosso lugar naquilo que chamamos de história. Sem a certeza de Fidel Castro de que "a História o absolverá", o que atormenta Juliano é: como seremos julgados pelo futuro?
Escrevo sobre isso amanhã. Hoje, quem fala é Walter Benjamin.
Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso.
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4 comentários:
Ola Danilo, vou te presentear com mais um adjetivo: você é corajoso.
Colocar esse anjo do Walter Benjamin, que viajou como nunca, provavelmente depois de alguma boa dose de cogumelos ou outra química disponível no período, mostra a sua coragem. Walter Benjamin provavelmente é um dos antecessores dos pós-modernos: escreve de forma clara como a noite, compreensível como um poema parnasiano sobre a física quântica, acessível como Barthes nos seus piores dias...rsrsrsr Xô Benjamin!!!!! hahahahahha
Esse Anjo foi uma das únicas coisas que eu entendi do Benjamin. Só não entendi por quê ele se matou...
Coitado, caramba!
Ai esse Luis...Como é chato!
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