É só impressão.
Senna foi o herói da minha infância. Ainda é um herói. Eu o adorava, como adoro a obra que deixou. No entanto, isso não impede que eu o enxergue com olhos distantes e use de bom humor no comentário sobre o que me é estranho nele.
Senna era passível de cometer besteiras, mais do que Prost e Schumacher. Mas era um artista genial dentro de um carro de F1. As besteiras intensificaram seus brilhos - elas transparecem a humanidade do herói. Uma cagada como a de Mônaco, em 88, revela o fio da navalha em que Ayrton andava. Estava 52 segundos à frente de um dos maiores pilotos que já sentaram num F1. E os dois tinham o mesmíssimo carro.
Os que seguem fielmente as raias da segurança e da certeza não fazem muita besteira. Mas também não deixam memórias tão fortes quanto aqueles que arriscam, que vão além e desenvolvem estilos belos e únicos.
Senna me inspira, até hoje. Seu exemplo é um chamado para os riscos necessários a quem quer buscar mais, cada vez mais, incessantemente.
Edit 17h: Não que tenha lá muita importância, mas não fui claro numa questão. Não gosto de montar hierarquias sobre os seres humanos. Mas, se tivesse que escolher um piloto, escolheria Senna. Dos que vi correr (assisto F1 desde 86/87), Senna é o melhor. É muito melhor do que Prost e Piquet, e melhor do que Schumacher em muitos aspectos (no mais importante, principalmente: rapidez). O limite pra se dizer que foi o melhor de todos é a impossibilidade de compará-lo com pilotos de eras anteriores tão distintas. Gente como Fangio, Clark e Stewart ficam de fora da comparação, portanto.
2 comentários:
Ok...
Como não entendo e não acompanho em profundidade a F1, não sei ao certo o quanto o mito Senna em minha cabeça foi produzido pela mídia e o quanto ele de fato foi tão gigante quanto ficou em minha memória.
Mas creio que nenhum outro personagem marcou tanto nossa geração quanto Ayrton.
Estranhamente, não tenho essa capacidade de analisa-lo de forma fria e racional. Analisar os detalhes do piloto sem ser tomado pela emoção do mito.
Mas gostei do seu comentário sobre a humanização provocada pela cagadas e, principalmente, pela mensagem sobre a importância do risco.
...Hei, carabranca!
Não consigo associar os feitos de Senna ou de qualquer outro "herói" à "besteiras"...Mas sim à atitudes insignes...
Ainda bem que existem homens assim...vivos, cheios de cor!
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